quinta-feira, 22 de maio de 2008

Guerra em família

Disputas legais mostram que a relação entre pais e filhos está mais difícil

O casal da cidade de Grenoble, na França, mal acredita no recado que acaba de receber. Seu filho Eric, de 21 anos, está movendo um processo contra eles. “Meu marido chegou a rir. Achava que nenhum juiz iria levar aquilo a sério”, conta a esposa. Estudante de ciências sociais, o rapaz saiu de casa em meio a uma discussão em que acusou a família, entre outras coisas, de “falta de maturidade política”.

Depois de ficar três meses na casa da mãe da namorada, acionou a família judicialmente, alegando abandono de sustento. Ganhou o direito de receber dos pais o equivalente a mil reais por mês. Eric, que hoje vive com a namorada, só fala com a família por meio de advogados.

O Policial Lionel Delbeck também passou por experiência igualmente amarga. Processado pela filha de 19 anos, diz que não se esquece do dia em que esteve frente a frente com ela no tribunal. “Não conseguia parar de chorar”, conta. Condenado em primeira instância, conseguiu reverter a sentença depois de provar que a moça havia abandonado os estudos e que o motivo da ação era o plano de viver com o namorado. “Até hoje não consigo falar com ela”, diz o policial.

Levar os pais para o tribunal está virando moda na França. Em um só ano, quase dois mil jovens processaram os próprios pais com o objetivo de obter uma espécie de mesada compulsória, o que por lá é legitimado pela lei. O Artigo 203 do Código Civil estabelece que as famílias têm o dever de sustentar os filhos até que eles encontrem um emprego estável. “É a Justiça patrocinando a desintegração da família”, reclama Hillary Rocca, casada com o engenheiro Patrick Rocca, ambos devidamente enquadrados.

Com amparo legal ou não, o que se percebe em todo o mundo é a crescente falta de respeito por parte dos filhos e a conseqüente fragilização das relações familiares.

Existe um verdadeiro abismo entre as relações familiares dos tempos modernos e as da época bíblica. Naqueles tempos, a consideração pela opinião e experiência paternas era tão grande que freqüentemente os filhos permitiam aos pais escolherem seu cônjuge. É o que ocorreu com Isaque. Seu pai, Abraão, já bastante idoso, preocupado com o futuro do filho, enviou seu “mais antigo servo”, que governava tudo o que o patriarca possuía, a buscar uma esposa para Isaque. E a história teve um final feliz, sendo Rebeca um bênção ao “filho da promessa”.

O respeito aos pais é algo tão importante que existe um mandamento, entre os dez, que ordena: “Honra teu pai e tua mãe” (Êxo. 20:12). Um dos propósitos desse mandamento é criar o respeito por toda autoridade legítima. É claro que, para serem respeitados, os pais devem respeitar e amar seus filhos. Em Efésios 6:1-4, o apóstolo Paulo fala sobre os dois lados da questão: os filhos devem honrar os pais e os pais não devem irritar os filhos. Seria bom as famílias modernas darem mais atenção às recomendações bíblicas no que diz respeito às relações familiares.

Triste como possa ser a condição atual de muitas famílias, essa situação se constitui num dos claros sinais da breve volta de Jesus. O apóstolo Paulo afirmou que, nos últimos dias, as pessoas seriam “desobedientes aos pais” (II Tim. 3:2). Como Jesus virá para restabelecer as condições de vida que havia antes do pecado, um de Seus objetivos será acabar com a “guerra em família” e estabelecer a grande família dos salvos. Eternamente em paz. Eternamente feliz.

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